Situação é crítica para grande parte da população, entretanto, jovens que saem de instituições de acolhimento enfrentam mais dificuldades de ingressar no mercado de trabalho

 Por Gabriella Collodetti

De acordo com a Pesquisa Emprego e Desemprego (PED), realizada pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), houve um aumento de 19,5% na taxa de desemprego no Distrito Federal.

Com o crescimento deste índice, a região acumula 316 mil brasilienses sem atuação no mercado de trabalho. No mês de março, mais de 18 mil pessoas ficaram sem empregos na região. Os dados foram divulgados na última quarta-feira (28), pelo jornal Correio Braziliense.

Apesar de ser um problema social que atinge diferentes pessoas, a situação tende a se agravar quando diz respeito aos jovens que saem das instituições de acolhimento. Ao completarem 18 anos, esses indivíduos deixam os abrigos e, a partir de então, constroem a vida dentro da sociedade por conta própria.

Sabe-se que o acolhimento institucional é uma medida de proteção, prevista pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), aplicada em casos de crianças e adolescentes que foram retirados do seu convívio familiar por terem os seus direitos ameaçados ou violados.

De acordo com o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), a criança ou o adolescente são encaminhados a esses serviços quando se encontram em uma situação de risco e foram esgotadas outras possibilidades que permitiriam colocá-los em segurança.

No mês passado, na reportagem realizada pela Agência Brasil, o advogado Ariel de Castro Alves, especialista em Direitos da Infância e Juventude, membro do Instituto Nacional do Direito da Criança e do Adolescente, destacou que são necessárias intervenções e programas sociais que preparem os adolescentes para a emancipação econômica e social.

Após o acolhimento…

Para Cristina Pereira, de 20 anos, a realidade do desemprego a atingiu recentemente, quando completou a maioridade e encerrou a permanência na instituição de acolhimento que estava. A jovem, que passou pelo Aconchego, conseguiu suporte afetivo e financeiro de pessoas que a apadrinharam posteriormente. Entretanto, apesar do auxílio, o cenário no mercado de trabalho não foi (e continua não sendo) animador.

“Nunca vi um anúncio de emprego oferecendo auxílio para quem sai dessas instituições. Não vejo uma inclusão destes indivíduos no mercado de trabalho. Ainda assim, tive uma saída tranquila de onde eu estava, com apoio total das pessoas que eu convivia. Mas, infelizmente, muitas pessoas não conseguem isso, o que torna a situação ainda mais delicada”, conta.

Para ela, é fundamental esse diálogo dentro da sociedade, especialmente pelo fato de que os jovens saem desses ambientes de forma vulnerável e, às vezes, sem apoios externos. Segundo Cristina, as empresas exigem um perfil difícil de se encontrar, como experiências, nível superior e fluência em alguns idiomas, o que dificulta ainda mais a inserção no mercado de trabalho.

“Até mesmo bons currículos estão passando dificuldades para conseguir um emprego. Por isso, é importante haver a sensibilidade das empresas para investir em oportunidades para os jovens. Digo isso de modo geral e não apenas para os ex-acolhidos. Queremos crescer na vida e ter condições de construir a nossa própria casa, com independência. Temos força de vontade, mas nos faltam oportunidades”, lamenta a jovem.

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