Data é celebrada em junho e busca conscientizar a população sobre as lutas da comunidade e minimizar preconceitos
Por Gabriella Collodetti
Há dez anos, é reconhecida a união estável entre pessoas do mesmo sexo no Brasil. A mudança ocorreu partir de uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que ampliou a definição de família, indo além do relacionamento do homem com a mulher. No que diz respeito à adoção, a legislação brasileira defende que não há diferenças entre os casais que desejam realizar o processo – sejam eles héteros ou homoafetivos.
Entretanto, apesar da aceitabilidade jurídica no país, ainda é preciso ir contra preconceitos enraizados que circulam em diferentes regiões. Sabe-se que, anualmente, o mês de junho busca mobilizar a luta da comunidade LGBTQIA+. Na última segunda-feira (28), por exemplo, foi celebrado o Dia Internacional do Orgulho LGBT.
O movimento foi criado por conta da rebelião de Stonewall, que ocorreu em 1969. Na época, houve o protesto contra uma ação violenta de policiais da cidade de Nova York, nos Estados Unidos, que tentaram fechar um bar responsável por reunir casais homoafetivos.
Desde então, o episódio ficou marcado na história como uma luta política pelos direitos humanos da população LGBTQIA+, que atingiu diversos países – inclusive, o Brasil. A data se faz necessária, principalmente em território brasileiro, visto que o país registra uma morte por homofobia a cada 23h, segundo relatório do Grupo Gay da Bahia (GGB), divulgado no ano passado.
Daniel do Valle Silvestre, bancário e pai por adoção com o seu marido, reforça que há muito o que melhorar quando o assunto envolve o respeito com casais homoafetivos. “É claro que existe mais aceitação do que anos atrás, mas ainda temos muitos desafios a superar. A onda conservadora, que ganhou visibilidade em nosso país nos últimos anos, mostra a intolerância com mais força. A luta pela equidade ainda está no começo”, comenta.
Daniel é casado com Wilton Antônio de Souza, que também é bancário. O casal, assim como os demais, buscou a adoção por processos legais. O processo ocorreu sem mistérios: foram encaminhados documentos para a Defensoria Pública do Distrito Federal. Na sequência, participaram do curso para a adoção ser realizada.
Depois desse período, foi feito o relatório psicossocial e a entrevista com a psicóloga da Vara da Infância e da Juventude. Durante esses momentos, ambos participaram das reuniões promovidas pelo Grupo Aconchego e, durante o tempo de espera, que foi de um ano e dois meses, eles tiveram o suporte da Organização da Sociedade Civil (OSC). Após a habilitação, foram 37 dias de espera até a chegada dos seus filhos.
Para Daniel, a união de casais homoafetivos, assim como a adoção realizada por essas pessoas, são temas que devem ser discutidos com mais frequência pela sociedade. “A visibilidade que precisa ganhar espaço é a das vitórias. E o tema adoção (também por casais homoafetivos) precisa sempre estar em pauta. A informação é a cura para desinformação e, principalmente, para combater o preconceito”, destaca.
Além das dificuldades práticas – como a troca do sobrenome dos meninos e a busca por vaga em escola em um período em que as matrículas já estavam encerradas na região -, Daniel lamenta os episódios de racismo que enfrentaram com os filhos. “Passamos a enxergar o racismo de forma estrutural, existente em nosso pais e, agora, em nossa família”.
Contudo, ele não deixa de contemplar as belezas da paternidade com o seu marido. O casal defende que ter uma família é a melhor coisa deste mundo e que os seus filhos mudaram as suas vidas de uma forma muito positiva.
“Não encontramos obstáculos, pelas vias legais, por conta da nossa sexualidade. Mas o preconceito existe e a dor dele é maior quando atingem nossos filhos. O desafio é diário, mas estamos enchendo-os de amor, conhecimento e amor próprio, para que eles consigam enfrentar as dificuldades da vida sendo sábios. Nosso lema é: deixar filhos melhores para o mundo ao invés de deixar um mundo melhor para nossos filhos, pois isto será uma consequência”, diz.
Daniel também comenta que a sexualidade dos pais é mais uma característica, entre tantas outras que existem. Portanto, cabem aos adultos ensinar as crianças o que é o respeito, o amor e a educação.
“Mostrar como a diversidade é e o quão importante é poder ser quem se é, independente do que os outros pensam, os tornarão pessoas mais felizes, acolhedoras e com muito amor para compartilhar”, enfatiza.
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