Por Gabriella Collodetti
*Na foto: Mabi, Adriana e Lili (Mabi e Lili são filhas de Adriana)
Rompimentos familiares são dolorosos. Principalmente quando envolvem crianças, pois há uma mistura de sentimentos e pensamentos que são difíceis de serem traduzidos em palavras. Entretanto, apesar de qualquer angústia ou medo, é possível ressignificar sentimentos e conexões.
Nesta quinta-feira (23), celebramos o Dia do Filho. A data, que ainda está se popularizando no Brasil, traz a oportunidade de refletir sobre os vínculos familiares. Fazer parte de uma família e se sentir amado não significa, necessariamente, ter laços sanguíneos com pais e mães.
Para exemplificar essa ideia, vamos contar a história da Andelita, conhecida como Lili. Hoje, já adulta, relembra a sua infância antes de ter sido adotada. Nascida no Sul do Brasil, junto com os seus seis irmãos, ela perdeu o pai quando era pequena.
Na época, a sua mãe biológica ainda estava presente para cuidar da família. Entretanto, após o falecimento do pai de Lili, ela se casou novamente e iniciou uma nova vida, levando a sua filha em viagens longas, que ocorriam em diversas cidades do país.
Depois de muitas mudanças, em uma das regiões, ainda ao Sul do Brasil, a mãe biológica de Lili se aproximou de uma família, com quem a criança foi deixada por uns dias para que outra viagem pudesse ser feita: dessa vez, para buscar o restante dos filhos que estavam em outra localidade.
Entretanto, na volta, a mãe descobriu que os vizinhos a denunciaram para o Conselho Tutelar, o que gerou o acolhimento dos irmãos mais novos de Lili. “A situação em que morávamos não era tão boa…”, lembra. O pouco dinheiro que conseguiam era destinado a drogas, o que colocavam as crianças em uma situação de vulnerabilidade e risco.
Posteriormente, em uma nova denúncia dos vizinhos, ela também foi retirada daquele ambiente. Então, dos oito até os dezesseis anos, ficou em instituições de acolhimento. A primeira, destinada a crianças, contou com uma curta permanência. Após esse período, Lili foi realocada em uma residência, destinada a adolescentes.
Sabe-se que, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), é considerado criança a pessoa de até doze anos de idade incompletos. Já entre doze e dezoito anos, o indivíduo é reconhecido e intitulado como adolescente.
Lili, ainda com dez anos, foi levada para o espaço de adolescentes. Essa alteração trouxe desconfiança. Para ela, a mudança de abrigo foi tida como um afastamento da sua sobrinha, que também residia no mesmo espaço.
Com a troca de instituição, os vínculos foram quebrados e a filha da sua irmã, ainda bebê, foi adotada por uma família. O acontecimento impactante levou Lili a decidir não confiar em outras pessoas. “Elas só querem tirar algo de você, nunca querem te ajudar”, menciona.
Na residência, a vida de Lili caminhava, mas algo faltava no seu coração. Desde criança, ela fazia acompanhamento psicológico, o que a levou a descobrir um quadro depressivo desde cedo. Hoje, na vida adulta, realiza acompanhamentos psiquiátricos com o tratamento para a depressão. Contudo, na época, a doença foi avaliada apenas como uma “fase”.
“Um dia acabei surtando, pois estava naquela situação há muito tempo e ninguém fazia nada”, recorda. Então, após algumas conversas com a assistente social da região, uma luz surgiu em sua vida: a possibilidade de ser adotada.
Foi necessário um período para conhecer a futura mãe de Lili. Com troca de mensagens, via aplicativos on-line, a relação foi sendo construída aos poucos. Primeiro, a mulher pensava em ser sua madrinha, ajudando-a financeira e emocionalmente. Depois, os laços foram se estreitando e criando força.
A mãe, chamada Adriana, queria conhecê-la. No dia em que o encontro finalmente foi marcado, Lili estava ansiosa. Arrumou o cabelo, se preparou e não continha a felicidade no olhar. “Foi uma semana boa. Mamãe me perguntou se podia entrar com o pedido de adoção e eu disse que sim”, diz.
Lili lembra de ter visto os papéis para refazer a sua certidão de nascimento e não nega que foi um alívio. Para ela, a ocasião foi similar à retirada de um peso de suas costas. Um mix de emoções e de pensamentos que trouxeram uma nova realidade para os seus dias.
A estrada até aqui não foi fácil. Lili lembra da história e não deixa de mencionar as dificuldades do seu caminho, mas, hoje, se sente feliz, amada e protegida.
ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO – GRUPO ACONCHEGO
Proativa Comunicação
Contatos: Flávio Resende (61 99216-9188) / Gabriella Collodetti (61 99308-5704)
Tel.: 61 3246-4436
E-mail:proativa@proativacomunicacao.com.br
Facebook/Instagram/Twitter: @ProativaC