Aconchego | Convivência Familiar e Comunitária

Estágio de convivência traz a construção do vínculo familiar

Por Gabriella Collodetti

Em 2017, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) recebeu alterações por meio da Lei 13.509. Com o intuito de modernizar o texto, a medida trouxe mais celeridade aos processos de adoção. Uma das mudanças realizadas diz respeito ao estágio de convivência, um importante requisito para iniciar a construção do vínculo de filiação entre futuros pais e filhos.

Desde então, ficou fixado que esse processo poderia ser realizado em até 90 dias, sendo prorrogável por igual período. Anteriormente, não havia um lapso temporal específico, ficando incumbido à Justiça a determinação deste prazo.

Essa fase, dentro do processo adotivo, se inicia após o conhecimento do histórico da criança ou do adolescente. Na sequência, são realizadas as visitas e as primeiras saídas da instituição de acolhimento. A ação é de fundamental importância para que haja a preparação das famílias.

Sandra e Johanes, professora e técnico em Informações Educacionais, respectivamente, estão vivenciando o estágio de convivência atualmente. Para eles, é uma questão que deve ser sempre levada com seriedade. “É um processo de conhecimento que acontece no ritmo das crianças, sem prejudicar o tempo de aceitação delas aos novos pais. Aos poucos, elas vão nos conhecendo e, nós, a elas. Os laços vão ficando cada vez maiores”, comenta Sandra.

O casal comenta que o interesse pela adoção já era um assunto presente em suas vidas. Johanes, antes mesmo de casar, pensava na possibilidade. No caso de Sandra, a decisão de entrar no processo adotivo surgiu por conta da descoberta de uma endometriose, doença inflamatória provocada por células que revestem o útero e que causa a diminuição da fertilidade feminina.

Depois que as questões burocráticas foram definidas, por meio da Vara da Infância e Juventude (VIJ), a história com duas meninas, uma de cinco e outra de três anos, começou a ser escrita. Entretanto, ter conhecimento do que elas passaram antes de entrar no processo de adoção entristeceu o casal.

“Foi angustiante saber o que elas sofreram antes de chegar até nós. Perguntávamos onde a gente estava e por que não protegemos as nossas filhas. Sentimos muita vontade de acolhê-las e amá-las. Uma vontade imensa de formar uma família com elas. É difícil pensar que as suas próprias filhas passaram por tantas negligências”, comenta Johanes.

Atualmente, as meninas estão na fase de conhecer a casa dos seus futuros pais. Entretanto, alguns processos do estágio de convivência foram readequados por conta da pandemia de Covid-19. Logo no início, por exemplo, o primeiro contato foi realizado por meio de fotos e vídeos. Depois, o primeiro encontro presencial ocorreu na sede do Aconchego. Também houveram pequenos passeios que foram feitos próximos à Organização da Sociedade Civil (OSC).

De acordo com o Aconchego, o estágio de convivência deve ser um processo conduzido por uma equipe da VIJ e por profissionais da instituição de acolhimento. Deve-se cuidar para que seja uma época repleta de sabedoria e no tempo ideal – sem ser demorado, mas também evitando ocorrer de forma muito rápida. Johanes e Sandra avaliam que é uma época de dificuldades, mas que traz muitas alegrias.

“É complicado quando as crianças se vinculam muito aos novos pais e os encontros programados para os estágios de convivência já não são suficientes. Elas começam a sofrer nas despedidas e chegam a implorar para vir para casa. Estamos passando por isso. Está sendo muito difícil, pois parece que nós estamos negando o desejo delas de vir para a nova família”, comenta a professora.

Entretanto, para eles, a felicidade de poder amá-las com todo o coração é sem igual. “Os beijos, abraços e cumplicidades que elas sentem em estar conosco… ver a felicidade nos seus olhos e as ouvir gritar ‘mamãe’ e ‘papai’ quando nos veem é maravilhoso”, complementa. Todo esse carinho faz com que o casal tenha expectativa de estar, o quanto antes, com as suas filhas para que possam conviver em família. Hoje em dia, voltar para casa sem elas traz uma sensação de vazio.

Para os pais que estão entrando no estágio de convivência agora, Johanes aconselha que essas pessoas respeitem as regras e o tempo das crianças, mesmo que possa vir a demorar. Segundo o técnico em Informações Educacionais, é fundamental amar essas crianças e adolescentes de coração aberto.

“Ficar atento aos sinais que elas apresentam para que seja possível moldar o nosso comportamento e não olhar para os nossos anseios e desejos –  e sim para as suas necessidades como indivíduos que estão em abrigos -, são cuidados essenciais”, diz.

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